O parto - Maiara Líbano
O parto
Sempre
tive um domínio completo sobre meu cu. Isso na infância e na adolescência me
garantiu ótimos momentos de diversão. Guerras de peidos, essas coisas. Não sou
um cara flatulento, mas tenho mesmo talento pra manipular meu cu. Todas às
vezes em que não estou à vontade pra soltar gases tranco e faço ele dar a volta
de novo. Faço isso repetidas vezes. Escolho também se vai ser sonoro e inodoro
ou silencioso e cruel. O manejo com a obra sólida também tenho. Se vai ser
pequeno, grande, duplo, de mesmo tamanho ou não. É como se meu reto fosse uma
tranca de papaiz que com o mínimo esforço mental eu abro e fecho com toda a
sutileza.
E
no sexo.. bom, acho uma pena eu não me sentir atraído por homens. Acredito que
seria bem feliz dando o cu. Mas é claro que ele não fica de fora. Minha
namorada gosta. Se diverte com o poder de sucção do danado.
Mas
um dia isso mudou. Meu cu não se deixou dominar.
Estou
naquele restaurante francês chique da Lagoa. O prato, “steak tartar”. Ganhei um
aumento e resolvi levar a Patrícia pra gente comemorar. Um vinho. Um couvert de
entrada. Vem o prato.
-
Ai que delicia né amor. Amei esse prato. Que tempero…
-
Não exagera Pat. Tô achando meio condimentado demais , não?
-
Que nada. Larga de ser chato. Tá ótimo.
-
É que eu não tô muito…
Aí
veio a primeira pontada. Travei e mandei subir. Mas cinco segundos depois. “Ui!”
Uma pontada mais forte ainda. E de novo! E de novo!
-
Ai! Caralho..
-
Diogo, você está bem?
Nem
deu tempo de responder. Tentei continuar sentado fazendo uma força descomunal
pra me manter ali ereto de cu fechado. Mas eu não estava seguro. Me levantei, e
corri até o banheiro. Sim, corri. Nem deu tempo de colocar protetor no assento.
Sentei naquele vaso já certo de que haveria uma mancha de merda na minha calça,
que era branca. Mas não, graças a deus, estava limpa.
Suava
frio. No início eu achava que seria uma caganeira rápida por causa daquela
carne crua escrota desse chef francês. Mas eu percebi que não parava. Era uma
dor que ia crescendo, crescendo.
-
Toc toc.
Alguém
batendo na porta. Puta que pariu. Fiquei tenso. As pontadas aumentaram
consideravelmente. Eu tinha que relaxar meu cu. Eu tentava. Mas à medida que eu
relaxava mais ele se abria involuntariamente. Eu me perguntava se saía de fato
alguma coisa. A dor era tanta que já não conseguia perceber as sensações. Estava
tonto.
Quando
fui retirado do banheiro já estava desacordado.
Ter
o cu aberto é como estar despido de qualquer proteção. É estar totalmente
vulnerável. Além de tudo faz frio.
Jamais
serei o mesmo depois do parto anal.
Conto escrito para o
encontro de 27/ 10/ 2015
Maiara Líbano não é
precisa, é contraditória.
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