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Prólogo, por Susan Sontag

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É a entrada do mercado de pulgas. Não se paga ingresso. É grátis. Gente mal ajambrada. Vulpinos, brincalhões. Por que entrar? O que você espera ver? Estou vendo. Estou constatando o que há no mundo. O que sobrou.   O que foi descartado. O que não se quer mais. O que deve ser   sacrificado. O que alguém pensou que poderia interessar a outro alguém. Mas é lixo. Se existe algo aqui ou ali, já foi peneirado. Mas lá pode haver algo valioso. Não exatamente valioso. Mas algo que eu poderia querer. Querer resgatar. Algo que me fale. Que fale aos meus anseios.Que fale com alguém, fale de algo. Ah.... Por que entrar? Será que você tem todo esse tempo livre? Você vai olhar. Vai passear. Vai perder a noção do tempo. Acha que tem bastante tempo. Sempre leva mais tempo do que você pensa. Daí você vai se atrasar. Ficará aborrecida com você mesma. Quererá ficar. Sentirá tentação. Sentirá aversão. As coisas são encardidas. Algumas quebradas. Mal remendadas ou sem remendo nenhum. Elas me falarão de