Lero lero que eu também quero, por Fernando Andrade

Me dá, disse o garoto de rua. Vai trabalhar vagabundo. 
Vai chover canivete, diz o coro. 
Estou com fome, me dá! merda. Eu já falei, que para comer o pão o diabo precisar amassar ou deformar. Caralho para com estas imagens idiotas. Estou pedindo um regalo e que passa pelo gargalo. Galopa, cavalo, a quem se mostra os dentes, à cavalo, não se dá por contente. Porra, não tô aguentando mais esta diatribe verborrágica poética. Vai tomar no rabo da sua lagartixa. Se regenere meu jovem, vai para a igreja de São Judas, tá deu?  Eu vou te enfiar a faca, seu poeta de merda, me passa a grana do dia. Eu preciso ir me já. Ficaria aqui por alguns segundos? tomar conta de abacaxis, pera, aí,  tenho algo a lhe contar. O Juvenal tem uma carrocinha comunista. Vende churros e precisa que alguém tome conta. Está disposto a esta enxurrada de tempo is money. Não tenho dialética para engorduramentos, sou mais esta sua barraca legalminosa. ( tradução - leguminosa) Colega se eu te deixar aqui você vai contrabandear para lado do seu bando ou vai para a banda de Lins ( bandolins) de Vasconcelos. Eu ti vi por lá com os meninos da Rua Paulo. Cara de literatura só de cordel do fogo encantado, já chega, vou para outra palhoça  procurar Zé furdunço talvez ele me regurgite uns trocados.       

(Conto lido no encontro de 04/09/2018)

Fernando Andrade, 50 anos, é jornalista,  poeta, e crítico literário. Faz parte  do Coletivo de Arte Caneta Lente e Pincel. Participa também do coletivo Clube de leitura onde tem dois contos em coletâneas: Quadris no  volume 3 e Canteiro no volume 4 do Clube da leitura. Colaborador no Portal Ambrosia realizando entrevistas com escritores e escrevendo resenhas de livros.  Tem dois livros de poesia pela editora Oito e Meio,  Lacan Por Câmeras Cinematográficas e Poemoemetria , e Enclave ( poemas) pela Editora Patuá.   Seu poema "A cidade é um corpo" participou da exposição Poesia agora em Salvador e no Rio de Janeiro.  Acabou de lançar seu quarto livro de poemas,  a perpetuação da espécie pela Editora Penalux. 


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