O que ver? num deslocamento de circulares, a janela é uma transversalidade do corpo? - Fernando Andrade
O
que ver? num deslocamento de circulares, a janela é uma transversalidade do
corpo?
Uma linha muito corriqueira passava por
volta do meio-dia. Nenhum corpo tracejava esta linha, podendo ser o
Cosme(velho) que ia ao Largo do Machado apenas ver pombos. Uma linha que não
era um largo, pois o largo geralmente dava-se volta para pegar uma outra mão.
Não era nem linha do destino que está desenhada através de teias de linhas que
se cruzam como cruzamentos de ruas, tipo transversais com as principais.
João ia de skate pela linha do acostamento
junto com outras rodas que circulam no perpétuo moto-contínuo. Através do
movimento esfera gráfico chegar a motricidade. Através das janelas dos
circulares, Ana um palíndromo ia subjetivando corpos de transeuntes numa lógica
de 1+1. Cada um que subia no circular, era uma linha que se fechava numa rota
motor, ou numa lógica de salto quadrante soma. O que seria? Isso. Uma forma de
abolir as linhas que são feitas pela caminhada, pelos passos.
De pé na frente de pé. Ou melhor a pé, estas
trilhas são o que mais pesquisadores fazem quando querem marcar uma demarcação
de terra. A ideia é ver em quanto tempo se gasta para ir de A à B em horas. A
demarcação de terras requer um outro tipo de agrimensor. Cercas passam o campo
todo distinguindo o nome da fazenda de fulano de sicrano. Assim como os passos
numa cidade são perdidos; são algoritmos de tempo perdido ou conseguido.
Pegue uma linha errada? E você terá que
descer e ir à outro ponto-linha. Você está momentaneamente perdido. Não sabe
qual numeração se alocar, 1 2 3. Não é como cruzar um pasto de vacas para saber
se há uma cerca aberta para elas não saírem do cercado. Na Avenida, João olha
pela janela. Ana está na fila do Cosme velho. Ao lado dela um Cosme lhe
pergunta se pode ler sua mão? Ana olha pela janela, e vê um homem bonito, sobe
correndo, deixando seu Cosme com um baralho de cartas na mão. Na sua mão está
uma primeira carta: a do eremita. Esta carta, não serve para averiguar as
passagens dos tempos devires, pois de eremitas, a cidade está cheia, pedem um
café assim que João desce do 584. Ana que é um palíndromo pegou por desatenção
485 que vinha logo atrás. Chegou a ver João descer e ser abordado pelo eremita que
lhe deu a carta do amor.
Conto
escrito para o encontro de 04/ 08/ 2015
Fernando Andrade tem 46 anos, é
jornalista e poeta. Trabalhou por 10 anos com livreiro e hoje trabalha na
Biblioteca Parque Estadual. Participa de dois coletivos : Caneta Lente e Pincel
e Clube da Leitura. Escreve para o site Ambrosia resenhas de Literatura. Tem
dois livros de poemas lançados pela Editora Oito e meio, “Lacan por Câmeras
Cinematográficas” e “Poemometria”.
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