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Mostrando postagens de abril, 2020

Nausica, por Homero

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Depois que Nausica e as servas se deleitaram com a comida,  despiram os véus e começaram a brincar com uma bola.  Foi Nausica de alvos braços que deu início ao canto.  E tal como Artêmis, a arqueira, se desloca pelas montanhas, pela cordilheira do Taígeto ou então pelo Erimanto, comprazendo-se com a caça ao javali ou às corças velozes, e com ela brincam as ninfas, filhas de Zeus detentor da égide, habitantes do campo, e Leto se regojiza no espírito;  pois por cima das outras levanta Artêmis a cabeça e a testa,  sendo facilmente reconhecível, embora todas sejam belas —  assim entre as suas servas se destacava Nausica. Mas no momento em que estava prestes a voltar para casa  e a atrelar de novo as mulas e a dobrar as belas roupas,  foi então que pensou outra coisa Atenas, a deusa de olhos esverdeados,  para que Ulisses acordasse e visse a donzela de lindo rosto; ela que o levaria depois para a cidadela dos Feácios. A princesa atirou a bola na dire

Live, por Guilherme Preger

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Live Youtuber: Pessoal, estamos abrindo agora a live no nosso canal com o dr. Coriolano, especialista em medicina, que irá nos falar sobre as últimas instruções sobre a pandemia. Boa tarde, dr. Coriolano! Dr. Coriolano: Boa tarde amigos. É uma felicidade estar dividindo esse espaço aqui com vocês, logo através do espelho digital.  Youtuber: Dr. Coriolano, nossa comunidade está ansiosa sobre seus aconselhamentos. Queremos saber exatamente durante quanto tempo ainda teremos que aguentar esse confinamento forçado?  Dr. Coriolano: Construímos dois cenários, um otimista e outro pessimista. Gostaria de começar pelo otimista. Segundo nossos especialistas, deveremos ficar em confinamento até o dia 21 de abril de 2023, às 15h e quarenta e dois minutos, quando o número de infectados alcançará o limiar de  segurança.  Youtuber: Dr. Coriolano, teremos que ficar confinados até 2023, sem nenhum período de relaxamento?  Dr. Coriolano: Exatamente, sem período de relaxamento. Esses dados saíram diretam

Por que escrevo, por Eduardo Galeano

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Por que escrevo Eduardo Galeano. Amaraes. Porto Alegre: L&PM, 2019. pp.160-161 Quero contar a vocês todos uma história que, para mim, foi muito importante: meu primeiro desafio no ofício de escrever. A primeira vez que me senti desafiado por esta tarefa. Aconteceu no povoado boliviano de Llallagua. Eu passei um tempinho lá, na zona mineira. No ano anterior, e lá mesmo, tinha acontecido a matança de San Juan, quando o ditador Barrientos fuzilou os mineiros que estavam celebrando a noite de San Juan, bebendo, dançando. E o ditador, lá dos morros que rodeiam o povoado, mandou metralhar todos eles. Foi uma matança atroz e eu cheguei mais ou menos um ano depois, em 68, e fiquei por lá um tempinho graças às minhas habilidades de desenhista. Porque, entre outras coisas, eu sempre quis desenhar, mas nunca ficava bom o suficiente para que sentisse o espaço entre o mundo e eu. O espaço entre o que eu conseguia e o que eu queria era demasiado abismal, mas eu me dava mais ou m