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Mostrando postagens de junho, 2020

O Haiti Aqui, por Guilherme Preger

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Quando chegou de ônibus a Brasília ele se lembrou daquela canção que o Djavan cantava. O céu azul e o laço do infinito sobre o traço do arquiteto. Djavan, cantor preto. Ele gostava dele desde que chegou ao Brasil. Mas diziam que ele apoiava o Coiso. Eu prefiro acreditar que não, pensou. Djavan está sendo ambíguo. É uma tática que nós homens pretos usamos para nos defender. E mesmo seu pensamento soava com certo sotaque. Por que ele tinha vindo ao Brasil? Sim, havia nisso uma fantasia. Os hatianos imaginavam o Brasil como uma terra da alegria. Torciam para a seleção brasileira em copas do mundo. Quando chegou ao Brasil a primeira coisa que fez, ainda no aeroporto, foi comprar uma camisa oficial da seleção brasileira. Queria sair na rua a utilizando. Mas logo viu que isso seria impossível. Reparou imediatamente no mal estar que causava. Estão tendo preconceitos porque um homem preto está usando a camisa brasileira, a “amarelinha”? Como isso era possível no país de Pelé?

O óbvio Ululante, por Nelson Rodrigues

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Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: ‘O que é que você leu?’. Respondi: ‘Dostoiévski’. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: ‘Que mais?’. E eu: ‘Dostoiévski’. Teimou: ‘Só?’. Repeti: ‘Dostoiévski’. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura. (Divaguei demais e desculpem). De Dostoievski passo à minha infância. Há bastante de Dostoievski, bastante de Dickens, na rua Alegre, em Aldeia Campista. Não será a pura semelhança episódica. Não. É uma semelhança, digamos assim, de atmosfera. Sinto que parte da minha infância está inserida, difusa, volatizada, em certas páginas ou de Di

No Tempo das catástrofes, por Isabelle Stengers

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A alegria, escreveu Espinosa, é o que traduz um aumento da potência de agir, ou seja, também de pensar e de imaginar, e ela tem algo a ver com um saber, mas um saber que não é de ordem teórica, pois não designa a princípio um objeto, mas o próprio modo de existência daquele que se torna capaz de sentir alegria. A alegria, poderíamos dizer, é a assinatura do acontecimento por excelência, a produção-descoberta de um novo grau de liberdade, conferindo à vida uma dimensão complementar, modificando assim as relações entre as dimensões já habitadas. Alegria do primeiro passo, mesmo inquieto. E a alegria, por outro lado, tem uma potência epidêmica. É o que mostram tantos anônimos que, como eu, sentiram essa alegria em maio de 1968, antes de os responsáveis, porta-vozes de imperativos abstratos, se apoderarem do acontecimento. A alegria é transmitida de alguém que sabe a alguém que é ignorante, mas de um modo em si mesmo ´produtor da igualdade, alegria de pensar e de imaginar juntos, com os ou

Aula Online

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novamente. Glúteos bem apontados para a direção do teto. Pernas esticadas. Relaxem nessa posição. Pensem no que vocês desejam alcançar de positivo. Não fechem os olhos, se mantenham acesos.  Agora pé direito novamente para frente. Ele deve ficar apontado frontalmente. Perna esquerda para trás com o pé levemente torcido. Agora flexionem o joelho direito num ângulo de 90 graus. Braços para cima, corpo empinado. Posição do Guerreiro um. Agora abram os braços bem esticados. Os olhos devem mirar o indicador da mão esquerda. Da mão esquerda não, da mão direita. Guerreiro dois. Estiquem bem a perna esquerda. Voltem agora o corpo frontalmente para a direita para a posição de Guerreiro 1. Agora coloquem ambas as mãos no chão e joguem a perna direita para trás em paralelo com a perna esquerda. Posição da prancha. Retenham o corpo imóvel por 30 segundos. Cuidado com a região dorsal. Não encurvem a coluna. Pensem em algo positivo para vocês atingirem. Agora relaxem na posição do Cachorro. Glúteos