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Mostrando postagens de julho, 2017

O homem perante a natureza, de Blaise Pascal

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A primeira coisa que se oferece ao homem ao contemplar-se a si próprio, é seu corpo, isto é, certa parcela de matéria que lhe é peculiar. Mas, para compreender o que ela representa a fixá-la dentro de seus justos limites, precisa compará-la a tudo o que se encontra acima ou abaixo dela. Não se atenha, pois, a olhar para os objetos que o cercam, simplesmente, mas contemple a natureza inteira na sua alta e plena majestosidade. Considere esta brilhante luz colocada acima dele como uma lâmpada eterna para iluminar o universo, e que a Terra lhe apareça como um ponto na órbita ampla deste astro e maravilhe-se de ver que essa amplitude não passa de um ponto insignificante na rota dos outros astros que se espalham pelo firmamento. E se nossa vista aí se detém, que nossa imaginação não pare; mais rapidamente se cansará ela de conceber, que a natureza de revelar . Todo esse mundo visível é apenas um traço perceptível na amplidão da natureza, que nem sequer nos é dado a conhecer de um modo va

Reforma Trabalhista, de Guilherme Preger

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(Senado Federal, 11 de julho de 2017) Estamos aqui nesse dia histórico para votar a Reforma Trabalhista que fará com que nosso país entre afinal na modernização de sua economia. Essa reforma é essencial para garantir o emprego de milhares de brasileiros que, na situação atual, não têm condições de competir na economia digital com os robôs. Como se sabe, ano após ano, milhares de trabalhadores perdem seus empregos para algum robô. Para os empresários, adquirir um robô sai mais em conta do que contratar um trabalhador. Os robôs não precisam de salários, não têm hora de almoço, não precisam de plano de saúde nem previdenciário. As fêmeas-robô não engravidam, nem têm TPM. Sobretudo os robôs não entram em greve. Por isso, se nosso país não modernizar sua legislação trabalhista, como é que vai ser? Como nossos trabalhadores irão conseguir um emprego se o robô sai muito mais barato para o patrão? Vocês de esquerda são contra essa reforma porque querem enganar o povo. Lembrem-se do sécu

La liberté est blanche, por Gabriel Cerqueira

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Eva observava uma vitrine azul em um final de tarde nublado. Carros flutuantes passavam zumbindo baixinho pela rua e ventava de leve. Após alguns minutos ali, envolta pelo azul, ela entrou na loja e saiu com um pacote prateado. Eva era uma garota jovem e bela. Seus cabelos, que iam até os ombros, eram cinzentos como a cidade e o céu daquele dia. Os olhos azul-escuro pareciam poças do mar do norte. Pele branca e corpo esbelto, de curvas sutis. A volta para casa foi como tantas outras. Os olhares dos homens se punham sobre ela sem cerimônia alguma. Enxergavam através de seus casacos, calça, calcinha, apalpavam-na, despiam-na; alguns até imaginavam penetrá-la, reduzindo-a a um depósito descartável de esperma. Pareciam selvagens com suas expressões febris e doentias. Um homem assobiou, outro disse coisas obscenas. Eva tremeu e fingiu que nada estava acontecendo.  Ao chegar em casa ela suspirou de alívio. Subiu as escadas e entrou no quarto, trancando a porta. Colocou o pacote prate