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Mostrando postagens de setembro, 2019

Matadouro 5, por Kurt Vonnegut

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Tudo isso aconteceu, mais ou menos. As partes da guerra, pelo menos, são bem verdadeiras. Um cara que eu conhecia realmente foi morto em Dresden por pegar uma chaleira que não lhe pertencia. Outro cara que eu conhecia realmente ameaçou contratar assassinos profissionais para matar seus inimigos pessoais depois da guerra. E assim por diante. Eu mudei todos os nomes. Eu realmente voltei a Dresden com dinheiro da fundação Guggenheim (que Deus a tenha) em 1967. A cidade parecia com Dayton, em Ohio, mas com mais espaços abertos do que Dayton. Deve haver toneladas de farinha de ossos humanos enterradas no solo. Voltei lá com um velho companheiro de armas, Bernard V. O'Hare. Fizemos amizade com um motorista de táxi que nos levou ao matadouro onde havíamos ficado presos durante a noite como prisioneiros de guerra. O nome dele era Gerhard Müller. Ele nos contou que foi prisioneiro dos americanos por um tempo. Nós lhe perguntamos como era viver no comunismo, e ele disse que foi terrív

Um sinal no espaço (As Cosmicômicas), por Italo Calvino

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Situado na zona externa da Via Láctea, o Sol leva cerca de duzentos anos para realizar uma revolução completa da Galáxia. Exatamente, este é o tempo que leva, nada menos, disse Qfwfq ; eu uma vez passando fiz um sinal no espaço, de propósito, para poder vir reencontrá-lo duzentos milhões de anos depois, quando viéssemos a passar por ali na volta seguinte. Um sinal como? É difícil dizer porque quando lhes digo sinal pensarão imediatamente em alguma coisa que se distinga de outra coisa, e ali não havia nada que pudesse se distinguir-se de nada; pensarão logo num sinal marcado com um utensílio qualquer ou mesmo com as mãos; em seguida, que os utensílios e as mãos se vão mas que o sinal permanece; mas naquele tempo ainda não havia utensílios, nem mesmo as mãos, ou dentes, ou narizes, tudo isso que veio em seguida, mas muito tempo depois. Quanto à forma que se dá ao sinal, acharão não ser problema porque, seja qual for a forma que tenha, basta que um sinal sirva de sinal, quer dizer,