O Espaço - Fernando Andrade
O Espaço
O espaço. A ele nunca foi dado nome.
Chamavam de A. Pelo primeiro que entrou e disse trata-se de um espaço Aberto.
Na noção nuclear de família veio depois deste homem primeiro, um clã que disse
tratar-se de um espaço horizonte. Sem muito aconchego, sem qualquer noção
de intimidade, e reclusão. O primeiro homem respondeu, não sendo corretor nem
nada, mas é um espaço ao longe. Ao que o senhor clã respondeu: Não pago nada à
vista.
O senhor prefere pagar de olhos
fechados?
A mãe olhou que o espaço tinha vãos que
iam por trilhas que desembocavam em estados inalterados de sonhos, lembrou da primeira
concepção de sua filha quando num momento de muito sono, ela e o marido haviam
trocado líquidos seminais em cima da mesa do seu antigo apartamento. Haviam
visto o filme o Cozinheiro, o ladrão, o amante, e haviam pensando nesta questão
quase transgressora de (dês)normatizar o núcleo da casa; o cozinheiro trocaram
por questões de Gênero, o ladrão haviam o posto na mesma função de amante, já
que o marido era dono de um empresa de calefação e tinha como sócio um amigo
que era sócio-ladrão-e-amante.
O Homem que não era corretor disse ao
clã que aquele espaço era todo aberto a visão de fora. Mas que o casal podia
ficar descansado que aquilo não era nem aparta-(mento) nesta hora o homem que
não era corretor sorriu com a palavra hifenizada, pois olhava para o casal e
via entre eles o sócio-ladrão-amante ali atrás, mas sem nunca ser visto pelo
clã. Que a sala era um salão ou um saloon mais parecido com aqueles dos filmes
americanos, com mesas e bebidas, e até troca de tiros, se por acaso quisessem
morar defuntos. Como? A mulher perguntou. De fundos, disse o homem corretor.
Conto escrito para o encontro de
01/ 09/ 2015
Fernando Andrade tem 46 anos, é
jornalista e poeta. Trabalhou por 10 anos com livreiro e hoje trabalha na
Biblioteca Parque Estadual. Participa de dois coletivos : Caneta Lente e Pincel
e Clube da Leitura. Escreve para o site Ambrosia resenhas de Literatura. Tem
dois livros de poemas lançados pela Editora Oito e meio, “Lacan por Câmeras
Cinematográficas” e “Poemometria”.
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