As Formas do Silêncio

por Eni Orlandi, mote para o encontro de 06/09/2016

"Se a linguagem implica silêncio, este, por sua vez, é o não-dito visto do interior da linguagem. Não é o nada, não é o vazio sem história. É o silêncio significante. Quando o homem, em sua história, percebeu o silêncio como significação, criou a linguagem para retê-lo. O ato de falar é o de separar, distinguir e, paradoxalmente, vislumbrar o silêncio e evitá-lo. Esse gesto disciplina o significar, pois já é um projeto de sedentarização do sentido. A linguagem estabiliza o movimento dos sentidos. No silêncio, ao contrário, sentido e sujeito se movem largamente. Em suma: quando o homem individualizou (instituiu) o silêncio como algo significativamente discernível, ele estabeleceu o espaço da linguagem."



Eni Puccinelli Orlandi foi docente da USP e professora titular de análise de discurso da Unicamp, onde é atualmente professora colaboradora. É pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos da Unicamp (Labeurb) e professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí. Tem inúmeros artigos e livros publicados no Brasil e no exterior, dentre os quais As formas do silêncio, Terra à vista, Interpretação, língua e conhecimento linguístico, Análise de discurso: Princípios e procedimentos, A cidade dos sentidos e Língua brasileira.

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