A Paixão de Roussef - Guilherme Preger
A Paixão de Roussef
E Dilma Roussef falava ao povo quando Temer, o
Judas, chegou e lhe deu um beijo.
-“Vice, a que vieste?”, perguntou Dilma.
Mas antes que o Vice decorativo falasse qualquer
coisa, vieram os guardas e levaram Dilma ao Sumo Sacerdote, Moro. “És tu a Presidenta do Brasil?”, perguntou a
Dilma. “Tu o dizes”, respondeu-lhe a Presidenta.
- “É réu de impeachment!”, decretou o Sumo Sacerdote
do STF, enquanto alisava seu tucano de estimação. E mandou Dilma ao Congresso.
Ao chegar com Dilma no Senado, o Presidente Renan perguntou-lhes: “Que crime esta cometeu”? “Cometeu pedaladas.
Toda manhã andava de bicicleta”, responderam-lhe. “Não é verdade”, respondeu
Dilma Roussef, “eu andava dia sim e dia não”. “O que é a Verdade?”,
perguntou-lhe Renan, o Pilatos do PMDB.
Era época da Páscoa e era costume fornecer indulto a
um criminoso. Havia dois candidatos: Eduardo Cunha e Dilma Roussef. “Vocês
querem que eu solte o Cunha ou a Dilma?”, perguntou Pilatos ao povo de
coxinhas. “O Cunha”, responderam-lhe os coxinhas. “Mas que mal cometeu Dilma
Roussef?”, lhes perguntou o Pilatos do Senado. “Ela se diz Presidenta do
Brasil, responderam-lhe os Coxinhas.
Então, o Pilatos do Senado soltou Cunha e entregou
Dilma aos guardas. “Façam o que quiserem com ela. Não vi nenhum crime de
responsabilidade, mas lavo minhas mãos”.
Então os Guardas levaram Dilma para a Câmara,
colocaram-na no pau de arara, chamaram 380 deputados para estuprá-la. Também
chamaram deputadas para chamarem-lhe de puta e de vadia. “Somos Belas,
recatadas e do lar”, lhe gritavam. Em
seguida, os deputados enfiaram ratos em sua vagina e uma coroa de espinhos em
sua cabeça com os dizeres: “Dilma Roussef Presidenta do Brasil”.
E na sexta-feira levaram-na ao Calvário. E com
pregos, prenderam-lhe pelas mãos numa cruz entre dois outros condenados: Lula e
Delcídio. Este último gritava a Dilma “Não és a Presidenta do Brasil, por que o
povo não te salva?”. Mas Lula dizia a este: “Cala a boca, renegado. Não vês que
tu és um traidor safado pior do que o Temer?”.
E Dilma em sua agonia olhou para os céus e disse:
“Povo, por que me abandonaste?”.
E então baixou a cabeça, deu seu último suspiro e
uma noite escura e longa desceu sobre o Brasil.
Levaram seu corpo para uma caverna, mas ao terceiro
dia, quando voltaram lá, seu corpo havia desaparecido.
E passaram-se mais 50 dias e seus discípulos
petralhas rezavam por sua alma, escondidos, quando Dilma lhes apareceu em carne
e osso. Ficaram perplexos: ‘Salve Dilma, Presidenta do Brasil!”. A Presidenta então soprou sobre eles e uma
ventania entrou pelo diretório onde se escondiam. E então Dilma ascendeu aos
céus. Sentindo o Espírito Santo, os discípulos criaram coragem e saíram pelo Brasil, pregando a Revolução Comunista
e gritando: “Não vai ter golpe, vai ter Luta!”.
Conto escrito para o encontro de 26/04/2016
Guilherme Preger
é escritor e engenheiro, engenheiro e escritor e está no Clube da Leitura desde
sua fundação, tendo participado de suas 3 coletâneas. É autor de Capoeiragem
(7Letras/2003) e Extrema Lírica (Oito e Meio/2014). Atualmente é doutorando em
Teoria da Literatura na UERJ. Politicamente, é comunardo e defende a
proliferação de comunas pelo Brasil.
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