A Nova Cosmogonia, de Stanislaw Lem
Acheropoulos se serve do
seguinte modelo explicativo: quando em um nutriente de ágar assentamos colônias
de bactérias, logo no início é possível ver a diferença entre um ágar de
partida (o 'natural') e aquelas colônias. Porém, no decorrer do tempo, os
processos vitais das bactérias alteram o meio ambiente do ágar, introduzindo
nele algumas substâncias e absorvendo outras, e assim a composição dos
nutrientes, a sua acidez, a sua consistência, sofre alterações. E quando, em
consequência dessas alterações, o ágar - presenteado com os novos quimismos -
provocar o surgimento de novas espécies de bactérias, alteradas e não parecidas
com as gerações genitoras, tais novas espécies serão resultado de um 'jogo
bioquímico' que transcorria ao mesmo tempo entre todas as colônias e a base de
nutrientes. Essas espécies tardias de bactérias não teriam surgido se as
espécies anteriores não tivessem transformado o meio ambiente; portanto, as
tardias são resultado do próprio jogo. As colônias singulares não precisam de
modo algum ter contatos diretos entre si; elas se influenciam, no entanto, só
através da osmose, da difusão, das deslocações (sic) do equilíbrio
ácido-alcalino nos nutrientes. Pelo visto, o jogo inicial tende a desaparecer,
uma vez que vem a ser substituído pelas formas de competição novas, antes
inexistentes. Agora substituam o ágar por Cosmos, as bactérias por
Pré-civilizações, e receberão a imagem simplificada da Nova Cosmogonia.
Mote lido por Guilherme Preger para encontro de 09/07/2019
O polonês Stanislaw Lem (1921-2006) é um dos mais importantes autores de ficção científica do século XX, tendo escrito a maior parte de sua obra no interior do regime do socialismo “realmente existente”, na Polônia. Um dos maiores interesses desse autor para esta pesquisa é que em seus romances a discussão de temas científicos contemporâneos é o motivo principal da trama, sendo essa discussão apresentada sob a forma de controvérsias que possuem mais importância na narrativa do que as intrigas que movem os personagens. Lem estudou medicina, seguindo a carreira por insistência de seu pai, que era laringologista, porém seu desejo era estudar para engenharia ou ciência. Tentou entrar para a escola politécnica, mas não conseguiu devido à sua “origem burguesa”. Passou a ler e estudar ciência e escrever histórias em suas horas vagas e trabalhou com pesquisa durante um breve período. Renomado escritor de ficção científica, Stanislaw Lem escreveu fabulações especulativas, tendo suas histórias quase sempre cientistas como narradores discutindo hipóteses a respeito de importantes questões da física, da ciência, da filosofia, da cosmologia, da cibernética ou da teoria da informação. Um dos temais mais cruciais de sua prosa é a projeção do imaginário humano na constituição dos paradigmas científicos e os limites da perspectiva antropocêntrica sobre a visão de mundo das ciências, em especial da cosmologia. Esses temas são centrais em sua obra mais conhecida: Solaris, romance de 1961.
Mote lido por Guilherme Preger para encontro de 09/07/2019
O polonês Stanislaw Lem (1921-2006) é um dos mais importantes autores de ficção científica do século XX, tendo escrito a maior parte de sua obra no interior do regime do socialismo “realmente existente”, na Polônia. Um dos maiores interesses desse autor para esta pesquisa é que em seus romances a discussão de temas científicos contemporâneos é o motivo principal da trama, sendo essa discussão apresentada sob a forma de controvérsias que possuem mais importância na narrativa do que as intrigas que movem os personagens. Lem estudou medicina, seguindo a carreira por insistência de seu pai, que era laringologista, porém seu desejo era estudar para engenharia ou ciência. Tentou entrar para a escola politécnica, mas não conseguiu devido à sua “origem burguesa”. Passou a ler e estudar ciência e escrever histórias em suas horas vagas e trabalhou com pesquisa durante um breve período. Renomado escritor de ficção científica, Stanislaw Lem escreveu fabulações especulativas, tendo suas histórias quase sempre cientistas como narradores discutindo hipóteses a respeito de importantes questões da física, da ciência, da filosofia, da cosmologia, da cibernética ou da teoria da informação. Um dos temais mais cruciais de sua prosa é a projeção do imaginário humano na constituição dos paradigmas científicos e os limites da perspectiva antropocêntrica sobre a visão de mundo das ciências, em especial da cosmologia. Esses temas são centrais em sua obra mais conhecida: Solaris, romance de 1961.
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