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Mostrando postagens de maio, 2015

Pós-Clube (26/05/15)

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O Clube da Leitura deseja a todos um bom fim de semana!

Mote do encontro (09/06/15)

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Texto lido por Igor Dias Dinamarca Couvert A esquina da Rio Branco com Ouvidor é algo que saiu da rotina de Renata. Renata tem 23 anos, faz faculdade de arquitetura e mora em uma simpática casa de vila no carioquíssimo bairro das Laranjeiras. Saiu de um estágio no Centro e foi trabalhar na Barra da Tijuca. É morena, tem 1,73, 66 quilos. Perde-se em elucubrações estéticas sobre as formas arquitetônicas da cidade; prefere o art-decò ao art-nouveau, o Calatrava ao Niemeyer. Diferentemente de outras quase-arquitetas da cidade, Renata não se engana: sabe que vai trabalhar em uma construtora, muito provavelmente com projetos de habitação para a classe média baixa, dois-quartos com dependências, varanda, cozinha americana, portaria 24 h, vista indevassável para a Linha Amarela. Renata se descobriu celíaca aos vinte e dois. Não pode comer glúten. Sob nenhuma hipótese. Teve de deixar para trás todos os tipos de pães, biscoitos e massas. Pizza, só se for de tapioca. Aveia

Rodada (26/05/15)

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Eu não sou só uma mulher inteligente - Ana Claudia Calomeni

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Eu não sou só uma mulher inteligente Porque uma mulher inteligente é somente uma mulher inteligente. Eu sou gostosa também!! Eu malho, gente! Procuro manter as medidas de um corpo perfeito, sigo direitinho a Tabela de Medidas Padrão (TMP, o que me garante ataques de TPM eventuais, mas isso é o preço que se paga). Tenho medidas perfeitas para o manequim 40: 90/74/96. Meu IMC é 22,0. Mas vocês acham que alguém nota? Nããããããoooo!! Nem meus peitos de silicone, nem eles, coitados, adquiridos a custa de muita palestra sobre a situação político-econômica mundial, nem eles merecem qualquer atenção. Vocês acham que alguém olha pra eles? Pessoal só me olha do pescoço pra cima. O que mais admiram em mim, depois do cérebro, é a boca. Não porque ela seja carnuda. O que de fato   passou a ser depois da dica da injeção de preenchimento que peguei no site Patricinha Esperta. “Como conseguir um efeito Bocão”, recomendava a tal da patricinha, Bocão com letra maiúscula: letra grande, boca grand

Uma Confraria de Tolos - John Kennedy Toole

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Recomendação de leitura por Márcio Couto Apesar da erudição prematura e uma carreira acadêmica despontada já nos idos da adolescência, John Kennedy Toole não viu sua magnus opus ser lançada. Foi um homem solitário, rejeitado tanto literariamente quanto socialmente, e que cresceu sob o cabresto da mãe – mesmo esta sendo sua maior incentivadora intelectual. Escreveu apenas dois livros, o primeiro com 16 anos e se chamava ‘Neon Bible’, ele o enviou inúmeras vezes a alguns dos mais importantes editores dos EUA, no entanto fora sumariamente ignorado, a história se repetiu quanto ao segundo. Aos 31 anos, Toole cometeu suicídio por asfixia, utilizando-se de uma mangueira de jardim conectada ao escapamento de seu carro e atravessada à janela do motorista, ele sofria de depressão e paranoia. Após travar uma batalha de dois anos contra a depressão, Thelma Toole, sua mãe, que encarava os manuscritos originais do filho sobre a estante da sala diariamente, decidiu provar o talento de

Vou ser fumante agora - Vivian Pizzinga

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Vou ser fumante agora Uma vez que se olhou no espelho, e era à tarde, e era sábado, e ninguém havia ligado, e ninguém havia respondido aos e-mails, nem ao whatsapp, e o silêncio era uma redoma espessa, uma vez que se olhou no espelho em pleno sábado e se sentiu morta, e se sentiu torta, e se sentiu porta, e teve a certeza de que não, não, definitivamente não era linda, definitivamente não era gostosa, definitivamente nem bonitinha era, e tinha espinhas, apesar de não ser adolescente, e tinha uma barriga que não podia ser descrita no diminutivo, uma vez que seus olhos não eram lânguidos tampouco penetrantes, seus lábios não eram carnudos, suas maçãs do rosto não eram salientes, e uma vez que desconfiava seriamente de que seu rosto não tinha maçãs, pensou: vou fumar um cigarro. Preciso fumar um cigarro. Uma vez que não fumava, que não tinha cigarros em casa, que não sabia nada a respeito de marcas de cigarro, que se deu conta de que a fumaça de cigarro às vezes a incomodava, s

Autopoiese - Guilherme Preger

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Autopoiese Os construtivistas acham que somos sistemas autopoiéticos que construímos a nossa própria realidade. Mas isso gera um enorme problema: há tantas “realidades” quanto sistemas autopoiéticos e então como podemos nos entender? A questão não é a de como podemos compartilhar visões de mundo essencialmente distintas, mas algo ainda mais profundo: como compartilhar mundos, sistemas construídos autopoieticamente diferentes, baseados em experiências radicalmente singulares.   Haveria no ambiente “lá fora” algo que fosse independente dos mundos autopoieticamente criados ao qual pudéssemos nos referir e orientar uma concordância? Mas esse algo pertenceria a qual realidade se apenas seres autopoiéticos constroem realidades? E o problema então retorna: como podemos comunicar o incomunicável, o que está “dentro” de cada realidade? Pensei nisso enquanto me dirigia ao encontro com minha ex-mulher. O casamento havia sido desfeito porque vivíamos em “realidades” que se diferenciav