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Mostrando postagens de abril, 2015

Mote do encontro 28/04

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Texto lido por Márcio Couto Fluxo-Floema Calma, calma, também tudo não é assim escuridão e morte. Calma. Não é assim? Uma vez um menininho foi colher crisântemos perto da fonte, numa manhã de sol. Crisântemos? É, esses polpudos amarelos. Perto da fonte havia um rio escuro, dentro do rio havia um bicho medonho. Aí o menininho viu um crisântemo partido, falou ai o pobrezinho está se quebrando todo, ai caiu dentro da fonte, ai vai andando pro rio, ai ai ai caiu no rio, eu vou rezar, ele vem até a margem, aí eu pego ele. Acontece que o bicho medonho estava espiando e pensou oi, o menininho vai pegar o crisântemo, oi que bom vai cair dentro da fonte, oi ainda não caiu, oi vem andando pela margem do rio, oi que bom vou matar a minha fome, oi é agora, eu vou rezar e o menininho vem pra minha boca. Oi veio. Mastigo, mastigo. Mas pensa, se você é o bicho medonho só tem que esperar menininhos nas margens do teu rio e devorá-los, se você é o crisântemo polpudo e amarelo só pode

Atire a primeira pedra - Fernando Andrade

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Atire a primeira pedra Atire a primeira pedra quem nunca se jogou no rio. Sim, disse o monge, uma pedra afunda devido à seu peso, sua ausência de espaço interno. Ela não tem cavidade, não é uma casa, por isso por ter excesso de bagagem, afunda. Mas senhor, o suicidas também afundam. Sim. Eles afundam por excesso de peso, a alma está compactada num estágio que chamamos de Alma leve. Mas a alma leve não deveria boiar? Não, a alma cheia é que boia. Chamamos os estágios do pertencimento de intens. In é o de dentro, tens é o que carrega em ti. Mas não é assim que se escreve a palavra. N faz parte da negação; fundamental para o crescimento. Porque a pedra é tão cheio de massa? Por que ela não amassa, não deforma, seu visual é mais curioso que se possa conceber, tende a ser esférica, mas encontramos outro dia uma retangular. Naquela célebre cena em que se joga a pedra sobre o rio e ela segue um movimento paralelo à superfície da água, como se explica mestre que ela por ser tã

O homem ao lado - Maiara Líbano

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O homem ao lado   Fim de semana de visitar meus pais. Visito-os uma vez por mês. Vivo no Rio de Janeiro, e eles em Nova Friburgo, no interior do estado. Saí de casa há 12 anos. Terminei minha graduação, agora continuo minha pesquisa no mestrado, em Literatura, cultura e contemporaneidade na Puc. Chego na rodoviária, desta vez com alguns minutos de antecedência. Um tempo para um café e um cigarro. Chega o ônibus. Apanho o bilhete. Meu assento, sempre o mesmo. Número 2. De acordo com uma pesquisa que li, que não interessa reproduzir aqui, trata-se do assento mais seguro, de menor possibilidade de acidentes fatais. Mas ele tem uma contrapartida fundamental, um grande ponto negativo: o acompanhante do assento. Mesmo com poucos passageiros, sempre haverá alguém no assento 1. Além de ser janela, e próximo à saída tem aquele espaço largo pra esticar as pernas. Já estava acostumado à companhia de pessoas idosas. Será que é reservado a elas, ou apenas uma coincidência? Entro